14 Bis - Planeta Sonho
Esta é a história de um garoto chamado Theo,
que acordou um dia e perguntou a sua mãe:
"Mãe, o que aconteceria se não existissem pessoas negras no mundo?"
Sua mãe pensou por um momento e então falou: "Filho, siga-me hoje e vamos ver como seria se não houvesse pessoas negras no mundo". E, então, disse: "Agora vá se vestir e nós começaremos".
Theo correu para seu quarto, para colocar suas roupas e sapatos. Sua mãe deu uma olhada nele e disse: "Theo, onde estão seus sapatos? E suas roupas estão amassadas, filho, preciso passá-las". Mas quando ela procurou pela tábua de passar, ela não estava mais lá. Veja, Sarah Boone, uma mulher negra, inventou a tábua de passar roupa. E Jan E. Matzelinger, um homem negro, inventou a máquina de colocar solas nos sapatos.
"Então... - ela falou - Por favor, arrume seu cabelo." Theo decidiu apenas escovar seu cabelo, mas a escova havia desaparecido. Veja, Lydia O. Newman, uma mulher negra, inventou a escova. Ora, essa foi uma visão... nada de sapatos, roupas amassadas, cabelos desarrumados. Mesmo o cabelo da mãe, sem as invenções para cuidar do cabelo feitas por Madame C. J. Walker..., bem, vocês podem vislumbrar.
A mãe disse a Theo: "Vamos fazer nossos trabalhos domésticos e, então, iremos ao mercado". A tarefa de Theo era varrer o chão. Ele varreu, varreu e varreu. Quando ele procurou pela pá de lixo, ela não estava lá. Lloyde P. Ray, um homem negro, inventou a pá de lixo.
Ele decidiu, então, esfregar o chão, mas o esfregão tinha desaparecido. Thomas W. Stewart, um homem negro, inventou o esfregão.
Theo gritou para sua mãe: "Não estou tendo nenhuma sorte!" Ela responde: "Bem, filho, deixe-me terminar de lavar estas roupas e prepararemos a lista do mercado". Quando a lavagem estava finalizada, ela foi colocar as roupas na secadora, mas ela não estava lá. Acontece que George T. Samon, um homem negro, inventou a secadora de roupas.
A mãe pediu a Theo que pegasse papel e lápis para fazerem a lista do mercado. Theo correu para buscá-los, mas percebeu que a ponta do lápis estava quebrada. Bem... ele estava sem sorte, porque John Love, um homem negro, inventou o apontador de lápis. A mãe procurou por uma caneta, mas ela não estava lá, porque William Purvis, um homem negro, inventou a caneta-tinteiro. Além disso, Lee Burridge inventou a máquina de datilografia e W. A. Lovette, a prensa de impressão avançada.
Theo e sua mãe decidiram, então, ir direto para o mercado. Ao abrir a porta, Theo percebeu que a grama estava muito alta. De fato, a máquina de cortar grama foi inventada por um homem negro, John Burr.
Eles se dirigiram para o carro, mas notaram que ele simplesmente não sairia do lugar! Isso porque Richard Spikes, um homem negro, inventou a mudança automática de marchas e Joseph Gammel inventou o sistema de supercarga para os motores de combustão interna. Eles perceberam que os poucos carros que estavam circulando, batiam uns contra os outros, pois não havia sinais de trânsito. Garret A. Morgan, um homem negro, foi o inventor do semáforo.
Estava ficando tarde e eles, então, caminharam para o mercado, pegaram suas compras e voltaram para casa. Quando eles iriam guardar o leite, os ovos e a manteiga, eles notaram que a geladeira havia desaparecido. É que John Standard, um homem negro, inventou a geladeira. Colocaram, assim, as compras sobre o balcão. A essa hora Theo começou a sentir bastante frio. Sua mãe foi ligar o aquecimento. Acontece que Alice Parker, uma mulher negra, inventou a fornalha de aquecimento. Mesmo no verão eles não teriam sorte, pois Frederick Jones, um homem negro, inventou o ar condicionado.
Já era quase a hora em que o pai de Theo costumava chegar em casa. Ele normalmente voltava de ônibus. Não havia, porém, nenhum ônibus, pois seu precursor, o bonde elétrico, foi inventado por outro homem negro, Elbert R. Robinson. Ele usualmente pegava o elevador para descer de seu escritório, no vigésimo andar do prédio, mas não havia nenhum elevador, porque um homem negro, Alexander Miles, foi o inventor do elevador. Ele costumava deixar a correspondência do escritório em uma caixa de correio próxima ao seu trabalho, mas ela não estava mais lá, uma vez que foi Philip Downing, um homem negro, o inventor da caixa de correio para a colocação de cartas e William Berry inventou a máquina de carimbo e de cancelamento postal.
Theo e sua mãe sentaram-se na mesa da cozinha com as mãos na cabeça. Quando o pai chegou, perguntou-lhes: "Por que vocês estão sentados no escuro?". A razão disso? Pois Lewis Howard Latimer, um homem negro, inventou o filamento de dentro da lâmpada elétrica.
Theo havia aprendido rapidamente como seria o mundo se não existissem as pessoas negras. Isso para não mencionar o caso de que pudesse ficar doente e necessitar de sangue. Charles Drew, um cientista negro, encontrou uma forma para preservar e estocar o sangue, o que o levou a implantar o primeiro banco de sangue do mundo.
E se um membro da família precisasse de uma cirurgia cardíaca? Isso não seria possível sem o Dr. Daniel Hale Williams, um médico negro, que executou a primeira cirurgia aberta de coração.
Então, se você um dia imaginar como Theo, onde estaríamos agora sem os Negros?
Bem, é relativamente fácil de ver.
Nós ainda estaríamos na ESCURIDÃO.
( desconheço o autor )
A emblemática estorinha acima, de fatos históricos reais,
é cheia de significados.
Penso que muitos de nós nada sabíamos
sobre estes personagens.
São pessoas que se eternizaram ao legar à humanidade
um mundo de soluções inventivas, igualzinho
a tantos "brancos" que temos notícia...
Então por que a mídia e principalmente nossa escola
não enfatizam tais feitos?
Seria porque seus protagonistas são negros?
Será que serve-nos - brancos, amarelos, vermelhos,
roxos (...), e aos negros -, um tal dia 20 de novembro, então
denominado Dia da Consciência Negra, mas pra quê mesmo?
Serve mais que oportunidades reais e a busca de alguma
igualdade entre todos os filhos desta terra e filhos de Deus?
Qual a validade e a verdade nessa homenagem? A data
sequer é feriado que beneficia o comércio: não vou
presentear, nem dar os parabéns ao meu colega ali
e desejar-lhe Feliz Dia da Consciência Negra!
Temos aí a discriminação racial, total, mascarada, e
em pleno século 21. Será que a população que elege
esse pessoal, sabe que esse país poderia virar uma
grande nação também para todos os seus habitantes?
Ou vamos continuar na base da conversa, do conto-de-fadas,
das "homenagens", apenas e tão somente, em feriado?!
Precisaria entender o conceito de grande nação,
não é mesmo?!
É real, uma lástima, que milhões de brasileiros
ainda votem com o estômago.
Porque será que esmolas em geral são tão incentivadas
nesse país?
Parece que o que mais interessa é fazer média
e alimentar a ignorância.
Fora da demagogia da data, não seria sensacional
um governo entrar para a história ao dar básicas e
essenciais, formação e informação, para toda a população,
e a condição de, por exemplo, deixar a sociedade eleger
o mais capaz quando se trata de contratar para uma
única vaga de emprego, um branco e um negro
com aptidões semelhantes?
- E acerca das cotas para estudantes em universidades?
- É justo com os que se sacrificaram no estudo, sem cotas?
- Quem aceita a cota não aceita para si a discriminação?
- Como determinar quem é herdeiro da segregação racial?
- Como confirmar isso num país tão mestiço?
Alguém aí, por favor, tem respostas
a essas simples questões?
Considerar o outro um ser igual nas suas relações,
independente dessas questões ou de sua origem, é mostra
de qualidade moral: distinto traço de elevação de caráter.
O Brasil é um país que não privilegia
a maioria dos seus habitantes, indo na contramão de
sua realidade, com sua estima de "complexo de vira- lata".
Uma das incongruências, cômica para não dizer trágica
no pendor racista, é que seu brasileiro mais ilustre,
o mais conhecido em qualquer parte do mundo,
mesmo após décadas de inatividade,
seja exatamente um negro: Pelé.
Então, o Preconceito é algo muitíssimo mais enraizado que
quanto se possa supor. No Brasil não é latente apenas
o preconceito de raça. Dentre outros, estapafúrdio,
pronunciado, imbecil e centenário é o preconceito
de classes, que é onde desagua o preconceito de raça.
De acordo com Rosângela Praxedes, Bacharel em
Ciências Sociais pela USP: "quando se é mais escuro e
mais pobre, sabe-se que a tendência é a de ser mais e
mais excluído do modelo sócio-econômico estabelecido.
Esta idéia pode parecer simplista, porém, nós negros
sabemos exatamente como as diferenças cromáticas
da nossa pele influenciam em uma maior ou menor
aceitação social. Afinal mudança de classe social
é até possível, mas a cor da pele, felizmente não é".
A demarcação de linhas de origem étnica e/ou racial
no Brasil, tem variado de acordo com as necessidades
políticas, sociais e econômicas dos grupos que disputam
a hegemonia na sociedade brasileira.
Deixo uma reflexão do professor e conferencista
Oracy Nogueira: "...onde o preconceito é de marca
(em relação à aparência, isto é, quando toma por pretexto
para as suas manifestações os traços físicos do indivíduo,
cor da pele, a fisionomia, os gestos, os sotaques),
a probabilidade de ascensão social está na razão inversa
da intensidade das marcas de que o indivíduo é portador,
ficando o preconceito de raça disfarçado sob o de classe,
com o qual tende a coincidir...".
Bem... eu gosto apenas de gente!
Isso é mais uma questão de interpretação:
A cor, no meu entender, é conferida pela soma
de todos os nossos atos.
Dos nossos atos, mente e coração.
Flavius Versadus